O Avarento de Moliére é uma das últimas e geniais comédias desse incrível autor. Conta a hilariante tragédia de Harpagon, personagem obcecada por valores superficiais. Em uma caixa, além das suas adoradas moedas, Harpagon sufocou também todos seus valores e princípios éticos perdidos. Não consegue enxergar a felicidade tão próxima dele no amor dos filhos e respeito dos amigos, parentes e empregados. É uma triste figura dominada pelo medo e por uma ambição vazia que o levará à infelicidade e solidão.
Seus filhos, Cleanto e Elisa, estão ambos apaixonados por jovens de famílias modestas e receiam a recusa do seu pai. Mil artimanhas são postas em prática para que Harpagon abençoe as duas uniões, mas a avareza do velho só é igualada pela sua paranoia, que o leva a desconfiar que todo o mundo, os filhos incluídos, o querem roubar. As ações e situações brilhantes, inesperadas e, portanto, irresistivelmente engraçadas, representam o gênio de Moliére no auge de sua capacidade de nos fazer rir.
A peça foi produzida pela primeira vez quando a empresa de Molière estava sob a proteção de Luís XIV. Foi livremente baseada na comédia latina Aulularia, de Plauto, da qual muitos incidentes e pedaços de diálogo são emprestados, bem como das farsas italianas contemporâneas.

Primorosa tradução de António Feliciano de Castilho, mais que uma tradução, uma autêntica recriação da obra de Molière.